sexta-feira, 9 de março de 2012

Nem mais uma vírgula

Meu coração é meu presídio, minha cela
Havia, de frente pro mundo, uma janela
Ficava escondida, bem no canto
Foi cimentada e pintada com aquarela
Com misto de cimento, pigmentos, areia e meus prantos.

Não existem mais paisagens, só grades
Ainda que eu grite pedindo ajuda
Não seria honesto
Um simples gesto de euforia
Não valeria o mesmo.

E se eu escrever um belo poema...
Que fale de rosas e saudades?

Seria mais uma lágrima nos olhos dos enamorados...
Um unicórnio ou um ser alado...
Nos tantos sonhos.

E se eu me entregar por inteiro...
Ficar nu e rasgar dinheiro, me largar na rua?

Nem seria notado.

Pois sou desarmado de inspiração
Sou um mal amado sem coração
Tenho a candura que não vale a guerra
Tenho a emoção que já caiu por terra.

Mas sem compromisso no fogo coloco a mão
Tenho tudo escrito acima...
Nem mais uma vírgula...
Um ponto final então.

André Anlub



Foto: arq. pessoal

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