quinta-feira, 19 de abril de 2012

a minha ria

estranha beleza esta
erguida sobre
moribundos fundos
poluídos
contaminados
pela ganância do lucro


cantem a ria
cantem-na sim
depois de a terem silenciosamente
assassinado
cúmplices
no terem estado aqui sempre


vendam os postais
falem das belezas que queiram
exibam-se nas fotografias
nas ruas e nos largos
mas é de lodo
lama e podridão que falo

digo:
esta já não é a ria
que me viu crescer


esta é a ria onde ainda
há homens que colhem o pão
amargo e amargos
de se saberem tão pouco
nos actos de quem
tanto deles a barriga enche

esta é a ria
que me deixaram
mas que não deixo


(torreira; marina dos pescadores; maré cheia)


http://ahcravo.wordpress.com/2012/04/19/a-minha-ria/ 




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