a minha ria
estranha beleza esta
erguida sobre
moribundos fundos
poluídos
contaminados
pela ganância do lucro
cantem a ria
cantem-na sim
depois de a terem silenciosamente
assassinado
cúmplices
no terem estado aqui sempre
vendam os postais
falem das belezas que queiram
exibam-se nas fotografias
nas ruas e nos largos
mas é de lodo
lama e podridão que falo
digo:
esta já não é a ria
que me viu crescer
esta é a ria onde ainda
há homens que colhem o pão
amargo e amargos
de se saberem tão pouco
nos actos de quem
tanto deles a barriga enche
esta é a ria
que me deixaram
mas que não deixo
(torreira; marina dos pescadores; maré cheia)
http://ahcravo.wordpress.com/2012/04/19/a-minha-ria/
Bom poema-crônica de uma realidade.
ResponderExcluirUm abraço.