segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quase sessenta, mas nem aparenta!



QUASE SESSENTA, MAS NEM APARENTA!

Surpreendo-me com meu filho, hoje com 28 anos, a comentar que já atingiu mais 1/3 de sua vida útil.
Um tipo de consciência que não tinha nesta idade.
Lembro-me de que, aos 25 anos, quando meu pai fazia um comentário do tipo “há 30 anos atrás”, eu achava graça por dentro e não entendia que a passagem do tempo se dava de forma mais perceptível do que imaginava.
Hoje, aos 58, entendendo o que significa “há trinta anos atrás”: quando minha primeira filha nasceu.
Mas foi ontem, exclamo!
O ontem distante da minha juventude, hoje é presença constante na memória que ainda se mantém pautada nos caminhos da lucidez.

Quase 60, mas comentam: nem aparenta!

Fico assustada, desconfiada com o que vem pela frente, consequência das visitas ao Hotel Geriátrico onde instalei uma aparentada distante, quase 87, com sérias sequelas de uma osteoporose não tratada. Hoje cadeirante, lúcida, viúva, sem filhos ou qualquer alicerce emocional. Totalmente dependente.
Além de administradora de sua vida, passo por sobrinha, referencial de família que lhe restou.
E comporto-me como tal.
Cuidadoras, remédios, médicos, fisioterapeutas sob minha responsabilidade, cadastramentos, bancos, fraldas, complementos vitamínicos para que, na mais que perfeita terceira idade, tenha total e absoluta dignidade.
E as mães, pais, avós, praticamente abandonados, cujos parentes não são tão abonados, só aparecem numa festa eventual?
Os olhares que pedem um afago, mãe e filha num quarto onde reina o Alzheimer, gritos tal recém-nascidos pedindo proteção: extrema solidão!

Quase 60, mas comentam: nem aparenta!

Rogoldoni
02 09 2011
RL T 3 197 815

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