BACAMARTE EM PERNAMBUCO, PINTURAS DE IVAN
MARINHO
Daniel
Henrique*
Acompanhamos, por cinco anos, a
peregrinação artística do poeta/pintor Ivan Marinho, com a Mostra
Pós-contemporânea, pensando que se fechava, naqueles trinta anos de militância
pictórica, seu ciclo estilístico que, para além dos invencionismos camuflados
de criação, vem carregado de experiências anteriores sem, no entanto, deixar de
surpreender. E surpreende, nesta nova mostra, pela ousadia de intercontextualizar
escolas aparentemente díspares como a Naif e a Realista, dando às telas o calor
dos trópicos e a temática originalíssima dos Bacamarteiros. Neste sentido, o
próprio Marinho, postula a inesgotabilidade da arte, seja qual for a técnica aplicada.
Costuma dizer que nunca deixará de existir um bom tango, um blues, um xote, um
chorinho, um frevo..., no mesmo sentido se refere à pintura, negando a
pretensão de Ad Renhard em sepultar as telas.
Como seu conterrâneo Jorge de
Lima e seu amigo Olímpio Bonald Neto, Ivan Marinho transita nos universos do
tempo e do espaço, trazendo à luz poesia e pintura, criando, às vezes, relações
próximas entre os dois objetos, como se pode vislumbrar no poema BARROQUILHAS,
vencedor do Festival Jaci Bezerra de Poesia do Centro de Estudos Superiores de
Maceió, onde o poeta empresta certa sinestesia, ornamentada com imagens
surreais: “... e preterindo o futuro/ faz da noite a luz do dia/ e a esfera,
por magia/ amolece o papel duro...” , assim como no FRAGMENTO DO ACASO,
selecionado para três antologias, a da Editora Scortecci, da Editora Carpe Dien
e do SINTEPE, onde o poeta abusa de suas habilidades no trato com a imagem: “ Sem
gravidade flutuam/ estilhaços de um espelho/ e cada parte reflete/ um fragmento
do acaso...”.
Mas não para na estética o
compromisso deste pintor. Ciente de que os talentos são obscurecidos, ou até
abortados, pela injustiça social, talvez seja Ivan Marinho, o artista plástico
que mais expos em espaços populares, como igrejas, escolas públicas, bares,
associações de moradores, sindicatos... e até num largo, o do Livramento em
Recife, naquele momento incentivado pelo também artista plástico Fernando
Duarte, quando na presidência da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, teve
a participação ilustre de músicos como Mestre Salustiano, Fernando Filizola,
Maciel Melo e Ronaldo Aboiador.
Vivedor das manifestações
populares, Ivan foi capoeirista, puxou loa de maracatu no Pátio do Terço, criou
o Encontro Pernambucano de Coco de Roda no Cabo de Stº Agostinho e, a frente da
tradicional Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, a SOBAC, reuniu-se com grupos
das diversas regiões do estado de Pernambuco e fundou a Federação dos Bacamarteiros
de Pernambuco, FEBAPE, que em sua posse, que terá o multiartista como presidente,
ilustrará o evento, que reunirá mais de 800 bacamarteiros, com a mostra de pinturas Bacamarte em Pernambuco. O imortal pernambucano Olimpio Bonald,
exaltando a diversidade de talento de Marinho, diz que “...Além de que, é
também, ele próprio, dotado pela natureza, da Arte de se expressar através de
traços, formas, cores, fixando sobre suas telas toda magia e emoção de seus
admiráveis modelos”.
Está aí uma boa oportunidade
para conhecer de perto a arte e o artista – um dos vencedores do Prêmio Bandepe
- que estará, com seus irmãos
bacamarteiros, dando um tiro de paz no cromossomo nordestino de nosso povo.
DE 11 à 14 de junho no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de
Pernambuco e
DIA 15 DE JUNHO DE 2012
DAS 08 ÀS 15 HORAS
NA ASSOCIAÇÃO DOS COMERCIANTES DA CEASA, durante
a posse da Federação dos Bacamarteiros de Pernambuco.
Brasília, 08
de junho de 2012
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