sábado, 16 de março de 2013

Zé de Lara no Castanha Mecânica (“Miscelânea Estapafúrdia”)



Zé de Lara também é conhecido como Poeta LARA. Considerado por Alberto da Cunha Melo como o poeta-ensaísta da geração dos anos 80 de poesia marginal do Recife, Lara mostra-se como um nome de peso na prosa. Em sua Miscelânea Estapafúrdia encontram-se os mais fuderosos contos, poemas e crônicas, sabiamente escritos em uma linha de fronteira que mais aproxima que segrega os gêneros dentro da obra. Em seu blog Egos e Gogas, pode-se conhecer mais sobre Lara e seu trabalho, que nunca parou de se desenvolver de forma independente.


CONFIRA O E-BOOK LÁ NO CASTANHA MECÂNICA.


NÉ DA JEGA
BC. 1949.

Nunca tive coragem de praticar zoofilia. Mas gostava de olhar outros garotos praticando. Geralmente era algum parente meu. Os bichos preferidos eram as cabras e as jumentas. As porcas e as cachorras eram evitadas, pois reagiam sempre com muita violência. O meu tio-avô “Né da Jega”, também conhecido como Né Vermêio, protagonizou uma das cenas zoófilas mais patéticas do “sertão” em todos os tempos. Ele gostava de cabras, mas num belo dia de verão resolveu pegar uma jega baixinha. Essa história quem me contou foi o irmão dele, meu avô paterno. Né Vermêio era um mulato enorme, de um vermelho bem amarronzado. Era também razoavelmente abastado: tinha uma bodega no fim da minha rua, e um sítio bem equipado na zona rural.
O problema do Né foi que, quando botou na “burra”, que enfiou tudo, ela travou com força, e ele ficou travado, sem poder tirar o pau de dentro dela. E começou a gritar de dor, e a pedir socorro com uns gritos bem altos. Daí a pouco chegou umas cinco ou seis pessoas, que amarraram a “mula” e deram-lhe umas pancadas na cintura. Ela soltou o coitado do meu tio-avô, que saiu ligeiro, de cabeça baixa. A vergonha dele foi tão grande que ele se mudou para a cidade de Santa Terezinha, na fronteira com a Terra de Capacaça. Voltou somente uns três anos depois, quando a vergonha já tinha “esfriado”.

Zé de Lara
  


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Fred Caju estará sempre por aqui aos sábados, pontualmente às 16:20. “Pague pra ver que eu aposto”. Grande abraço a todos do TRIBUNA ESCRITA!
       

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