sábado, 7 de setembro de 2013


Capítulo 11 - O sorriso da cachorra

O Cinema São Luiz
cinema era magia de todos, mas não era este o caso, e sim a desculpa. Desculpa para que eles pudessem se encontrar e não serem vistos por ninguém, já que entrariam separados e se encontrariam lá dentro.
O CINEMA SÃO LUIZ datava da época de seus avós, mas continuava no mesmo lugar, ou seja, na Rua do Comércio, em frente à Lobras – lojas brasileiras S.A. Do seu lado esquerdo ficava o antigo ponto central, um antigo e tradicional Café em frente do qual havia alguns bancos. Ali se encontravam os galistas alagoanos para conversar nos finais de tardes. O cinema tinha uma grande porta de vidro central e de cada lado uma bilheteria. Ao passar pela “borboleta”, ficava logo após um espaçoso salão de espera com carpete escuro e com poltronas vermelhas nas laterais, sobre as quais cartazes de filmes que estreariam “em breve nesta sala”. No final do salão, do lado direito, havia uma bomboniere, e logo após uma escadaria de quatro degraus, largos, quase da largura do salão. Do lado esquerdo havia uma entrada com três degraus que levava à sala de cinema. Do lado direito, duas entradas; a primeira levava ao mezanino que ficava sobre o final da sala de cinema, o que oferecia uma visão melhor do filme. Ao lado dela, uma outra entrada, que também dava para a sala de cinema, encontrando-se o mesmo salão da primeira entrada à esquerda. Era um grande salão de cinema, no final do corredor e do lado esquerdo, e bem embaixo da tela de projeção ficavam as saídas e os banheiros.

André a esperou já com os bilhetes na mão. Patrícia chegou, e estava de calça branca e blusa escura. Ele entregou discretamente o bilhete a ela e entraram, seguindo pela primeira entrada da sala e indo para o mezanino, e sentaram na última fila do lado esquerdo. Ela não quis que ele comprasse nada na bomboniere. Sentados, olharam-se com tremenda felicidade, aguardando o apagar das luzes. Ele a abraçou e a beijou, acariciando seu rosto e seus cabelos, beijando seu pescoço, seu rosto e seus seios sobre a roupa. Entre beijos e abraços, se tocavam loucamente. Ele tocava seu ventre e seus seios rígidos, apalpava suas coxas e seu sexo que, de tão estimulado, umedecia sua calça. Era tamanha a excitação que ele sentiu la petite mort, num sussurro baixo, mas vibrante. Ela tremia e ele temia por também atingir o orgasmo. Por fim tiveram que assistir outra seção, para que, se indagados sobre o filme, soubessem responder.




*Daniel Barros, 44, escritor e fotógrafo alagoano residente em Brasília, é autor dos romances O sorriso da cachorra, Thesaurus, 2011, Enterro sem defunto, Editora LER, Coletânea Contos Eróticos e Contos Sobrenaturais Enquanto a Noite Durar editora APED.

Nenhum comentário:

Postar um comentário