o mar e eu e eu e o mar
crónicas da xávega (96)
escorro água e sal
desfaz-se a pedra em água
corre por entre os dedos areia
as paredes tremem e é de vento
o telhado onde antes casa
digo-te que não mereço
como não merecem aqueles
a quem nada resta senão
o serem como são por não
poderem ser de outro modo
voltaremos um dia e será manhã
até lá esperamos que o sol
se ponha devagar
e seja noite quando for
escrevo-te do exílio de mim
da memória de um tempo outro
que já não existe nem voltará
ao passado o que dele é
o futuro dir-se-á no tempo certo
o vento é de sul
o mar entrou no barco
escorro água e sal
(torreira; companha do marco; 2015)
eu fui ao mar e o mar veio ter comigo
http://ahcravo.com/2015/09/26/cronicas-da-xavega-96/
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