sábado, 2 de fevereiro de 2013

Alexandre Aguiar no Castanha Mecânica (“Cuotidiano”)



É no rugido da selva de concreto e aço que se passam os poemas de Cuotidiano. Diga-se de passagem que a grafia do título do e-book não remete diretamente a nenhum arcaísmo linguístico, mas à palavrinha mágica tão banida nas etiquetas da boa família. Alexandre Aguiar faz com que o dia a dia do trânsito e da cidade no coração de um poeta proletário permeie todo o imagético da coletânea, em uma escrita compulsiva e visceral que é bem própria do bom verso livre.
  
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ROTINA

Meus dias estão
cada vez mais comuns.
Sinto falta de algo
novo no cardápio.

Tudo se torna repetido:
Trabalha, estuda, namora,
almoça, café, cigarro, novela...
Chega! Não dá mais!

Minha vida virou um
filme do cinema mudo,
mas sem graça alguma...
Não consigo nem escrever
o que realmente penso?!
Nem falar o que realmente acho?

Nem ouvir o que quero,
nem comer o que desejo,
Virei um robô... Que
vive dominado no
mundo dos humanos.

Um robô que não pergunta nada,
só faz o que lhe é imposto:
Pelo outdoor da cidade,
pelo comercial de TV ou
o que o padre diz na rádio,
e o pastor prega na igreja...
É isso! Tornei-me um homem comum.
Completamente comum.
Envelhecendo antes do tempo.
Perdido em uma sala clara.
Um merda de um cara normal.

É essa a pura verdade... Um alguém
Somente isso! Homo sapiens
que nasce, cresce, trabalha e morre.
Que não faria falta alguma se morresse
agora.

O que me resta?
Resta-me acostumar...
Tomar meu chá e respirar.
sentar e me acalmar,
aceitar a ordem natural
das coisas...
Será?

Alexandre Aguiar
    


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Fred Caju estará sempre por aqui aos sábados, pontualmente às 16:20. “Pague pra ver que eu aposto”. Grande abraço a todos do TRIBUNA ESCRITA!
       

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