- Pernambuco sob os pés descalços
Do menino pardo, longe das escolas,
Nas casas de barro, entre os jangadeiros;
Colorindo a guia dessa etnia.
- Várias vezes fumei maconha
com as páginas do Libertinagem
nem por isso encontrei um Recife mais puro.
Manuel Bandeira me faz sentir uma saudade que não sinto.
– Pernambuco oceano atlântico,
101 quilômetros de algum lugar.
Entre o asfalto e acostamento
Vinho remoendo para não chorar.
- Várias vezes estive parabólica e manguetown
e em todo sentimento de revolução
Chico Science me fez acreditar em uma renovação que não vejo.
-Pernambuco onde será que isso começa,
Quando será que isso termina.
Madrugada teima em passar depressa
Já vem o dia que também me azucrina
– Várias vezes Poetas pernambucanos vão bêbados à São Paulo
Atrás de uma Paulicéia desvairada
Buscando um Torquato glamourizado.
Um Piva que não vaga mais no ventre dos adolescentes.
Percorrem um êxodo de quilômetros de anos
para encontrar o vazio da paulistana noite prostituída
com os cães latindo seus hospícios.
– Pernambuco debaixo dos viadutos
Mais um barraco tende em se levantar.
E os morros mais parecem estar de luto
Na aurora nada de novo irá raiar.
– E enquanto todos esperam um novo poeta, com um novo mar.
Acendemos o último cigarro na derradeira chama do sonho único.
E entramos na estação da Luz para voltar pela luz de outros olhos.
-ISRAEL LIRA(*)
-YUGO TAROO(**)
OBS: DIÁLOGOS DOS POEMAS: (*) - Pernambuco, (**) - A Libertinagem e a Pauliceia: revisitadas
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