Literatura policial com estilo e qualidade
Marcos Linhares
Jornalista e escritor
Autor de "Não existe crime perfeito" , entre outros livros.
Uma ficção doce sobre a salgada vida de um policial: Alcides. Bem construído pelo competente Daniel Barros, o agente mostra-se humano, voraz pela vida, apreciador de bom uísque e de belas mulheres, e acima de tudo, bom no que faz.
Narrado em dois tempos com narrador onisciente, a dualidade de cenários impele, incita o leitor a romper cada página em busca do desenrolar das investigações de Alcides e dos colegas, assim como de momentos recentes do protagonista.
As campanas, as combinações, a rotina de um policial é tratada com esmero por um escritor que, por sinal, também é agente da polícia civil do Distrito Federal.
Alias, o próprio DF é retratado quase com um personagem. Transitamos em cenários da capital federal com alegria e espanto pelo uso feito a ação situação. Alagoas, terra de Daniel, também compõe o ambiente, só que na trama paralela.
Na gangorra de emoções Alcides, subimos e descemos cada palmo, arrebatados pelo ritmo marcante de Daniel, Barros, esse um componente forte da obra.
Outro detalhe que complementa de forma perspicaz a composição do autor são as receitas e pratos espalhados por todo o livro.
Acho que o enterro ficou sem defunto, pois ele preferiu voltar dos mortos para ler o livro do Daniel. E parece que não quer mais voltar, esperando pelo próximo. Seguirei esse exemplo dele. Afinal, depois do nítido amadurecimento da narrativa de Daniel após "O Sorriso da Cachorra", esperam-se novas obras com seu toque de fino humor, retrato refinado e cru da realidade, recheado com dose de sonho, medo, dor,paixão, sexo, enfim, de vida. A vida espalhada pela páginas das obras bem ornadas com o barro das palavras desse Daniel alagoano.
Jornalista e escritor
Autor de "Não existe crime perfeito" , entre outros livros.
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