sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Refúgio secular














O corpo nem sempre é o sustentáculo para as melhores decisões. As moléculas e os átomos que o compõem atuam em ritmo sísmico sem que nos perturbem com isso. Ladeiras subimos e, por vezes, derrapamos pelos pensamentos pretensiosos que alimentamos, sem sabermos direito aonde tudo o que nos sobrecarrega vai nos levar.

Os caminhos são curvilíneos, propensos a ciladas do destino que nos cerca. Mas convém experimentar as sensações que no corpo se sente, mesmo que a mente a isso não assimile rapidamente. Somos corpo que vive e vibra nesse quinhão de sentimentos e emoções que ora administramos, ora estagnamos. É sempre válido nos preencher de serotonina.

O prazer, mensuramos, sendo essencial para dar ao corpo um sentido perpétuo, pois da carne nascemos e ao passarmos para outra dimensão, dela não mais precisaremos. Talvez, lá, o prazer seja sentido como uma espécie de catarse espiritual calcada em regalias proporcionais ao bem que aqui fizemos.

Só sei que é no corpo que a alma se realiza enquanto invólucro da matéria. E não importa o quanto pratiquemos prerrogativas ao gozar a vida. Saberemos continuamente a inventar jeitos de tirar proveito. E embora fiquemos inseguros com dúvidas a nos entorpecer os sentidos, não hesitaremos permanecer a contento.

Pele que enraíza o corpo, primária equalização, coautora da química cerebral que ativa, e quando mal tocada, a temporiza. Permissiva de relações íntimas, de sodomias sem que haja embaraços, pele esta reativa ao sarcasmo. É abusiva e intempestiva ao provocar espasmos.  

Seria um sacrilégio não compartilhá-la; dócil de domesticar e apaixonadamente lasciva.

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