O corpo nem sempre é o
sustentáculo para as melhores decisões. As moléculas e os átomos que o compõem
atuam em ritmo sísmico sem que nos perturbem com isso. Ladeiras subimos e, por
vezes, derrapamos pelos pensamentos pretensiosos que alimentamos, sem sabermos
direito aonde tudo o que nos sobrecarrega vai nos levar.
Os caminhos são curvilíneos,
propensos a ciladas do destino que nos cerca. Mas convém experimentar as
sensações que no corpo se sente, mesmo que a mente a isso não assimile
rapidamente. Somos corpo que vive e vibra nesse quinhão de sentimentos e
emoções que ora administramos, ora estagnamos. É sempre válido nos preencher de
serotonina.
O prazer, mensuramos, sendo
essencial para dar ao corpo um sentido perpétuo, pois da carne nascemos e ao
passarmos para outra dimensão, dela não mais precisaremos. Talvez, lá, o prazer
seja sentido como uma espécie de catarse espiritual calcada em regalias
proporcionais ao bem que aqui fizemos.
Só sei que é no corpo que a alma
se realiza enquanto invólucro da matéria. E não importa o quanto pratiquemos prerrogativas
ao gozar a vida. Saberemos continuamente a inventar jeitos de tirar proveito. E
embora fiquemos inseguros com dúvidas a nos entorpecer os sentidos, não
hesitaremos permanecer a contento.
Pele que enraíza o corpo,
primária equalização, coautora da química cerebral que ativa, e quando mal
tocada, a temporiza. Permissiva de relações íntimas, de sodomias sem que haja
embaraços, pele esta reativa ao sarcasmo. É abusiva e intempestiva ao provocar
espasmos.
Seria um sacrilégio não
compartilhá-la; dócil de domesticar e apaixonadamente lasciva.
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