sexta-feira, 8 de março de 2019

a primeira flor






(avô já sou mulher e
eu não quero)

abrem-se no rosto trilhos
salgados de tanto mar
perdem-se no longe os olhos

(avô já sou mulher e
eu não quero)

falarei sempre do sonho
quando no infinito os olhos
inventarem um ser diferente

(avô já sou mulher e
eu não quero)

amanhã minha neta
que foste do meu sangue
a primeira mulher
não terás o rosto assim

(avô já sou mulher e
eu não quero)

mas são estes os rostos
que eu quero que lembres
e faças teus porque meus
deste ter sido aqui mais um

(avô já sou mulher e
eu não quero)

mas
hoje é o teu primeiro dia
e esta a flor que te ofereço

(torreira; 2013)

https://ahcravo.com/2019/03/08/cronicas-da-xavega-296/

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