domingo, 3 de maio de 2020

Casa, Quarto e Quarentena - Crônica


CASA, QUARTO, QUARENTENA

Chego à janela e sigo com o olhar o caminhar de algumas pessoas. Predominantemente idosas, agem como se a convivência com o coronavírus fosse normal. Sem qualquer proteção, demonstram uma certa tolerância e intimidade com a pandemia.
O carro de som circula no asfalto lembrando a presença invisível do inimigo. Simplesmente ignoram.
Para onde vão? Talvez mercado, farmácia, quem sabe caminhar na praia numa cidade isolada ao trânsito para estranhos.
Teriam algum motivo especial ou simplesmente a satisfação pelo desrespeito às normas internacionais e recomendações vigentes no país?
Eu, em distanciamento social, obediente às orientações responsáveis; a família dentro do possível em resguardo, imagino-me presa num imenso engarrafamento seguindo o fluxo do trânsito na minha faixa de rolamento enquanto estranhos apressados trafegam pelo acostamento.
Sim, os mesmos que promoverão a desordem mais à frente prejudicando ainda mais o percurso normal no tempo.
Mas os “espertos” caminhantes de agora desconhecem os engarrafamentos da vida.
As dores de barriga, infartos e acidentes sejam cerebrais ou de rua, sinusites e chicungunhas continuam na pista como todas as outras patologias, donde se conclui que as doenças são PÚBLICAS e a permanência na rua poderá prejudicar qualquer atendimento de emergência aos necessitados não coronados. Além do contágio, o chamado “efeito colapso” das UTI’s.
Todos serão prejudicados.
Se você é um idoso lúcido e orientado, procure ficar em casa o maior tempo possível. Sei que é difícil, afinal, como afirmou Clarice Lispector, “o mais difícil é não fazer nada: ficar sem fazer nada é a nudez final.” (Clarice Lispector)

©rosangelaSgoldoni
RL T 6 936 052
04 04 2020
Menção Honrosa na UBE-RJ (Concurso Relâmpago) 

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