sábado, 25 de setembro de 2010

Sobre a obra que ilustra o blog


Há tantas figuras que retratam pictoricamente a filosofia que, quando se pensa em escolher alguma para enfeitar um blog, por exemplo, corre-se o risco de não saber qual fica melhor - ou seja, qual faz a melhor composição e qual carrega o significado que se pretende dar ao conjunto figura-textos.

Muitos leitores do blog devem estar bastante familiarizados com “A morte de Sócrates”, de Jacques-Louis David, pintada em 1787. No cabeçalho do blog vemos um detalhe da obra, com as cores e a iluminação editadas para realçar Sócrates e a taça de cicuta. A obra original pode ser vista aqui.

Gosto muito dessa obra neoclássica. Ela não é apenas “sobre” um filósofo (Sócrates) no momento em que vai realizar sua última ação em vida (a ingestão da cicuta). A obra é também reveladora do ser da filosofia.

Não creio que seja necessário explicar detalhadamente quem era Sócrates, o que fazia, o motivo de ser condenado. Se você não sabe, leia aqui.

O que me interessa na imagem é que ela capta o momento em que surge a filosofia: o momento em que Sócrates terá a cicuta em suas mãos e diz suas últimas palavras - o momento em que o homem é consciente de sua finitude e, por meio da linguagem, compreende e afirma, positivamente, o que significa ser homem.

A obra propõe que a filosofia acontece no levar a cicuta à boca. O tempo mínimo e precioso entre o segurar a taça e o beber o veneno – é esse o tempo inalienável da filosofia.

É por isso que gosto tanto de “A morte de Sócrates”: porque mostra, de modo simples e elegante, o momento da filosofia.
Fonte: oficina de filosofia

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