No consenso popular, somente quando as pessoas são alçadas ao poder é que revelam sua verdadeira natureza. Os dois anos e dois meses de permanência do prefeito Luiz Marinho (PT) à frente do Paço de São Bernardo só trouxeram decepções para o funcionalismo público. Ironicamente, o ex-líder sindical que fez carreira à frente de reivindicações trabalhistas se revelou um mau patrão. Nem mesmo a correção da inflação foi concedida, em salários defasados em mais de 40% nos últimos anos.
Ingenuamente ou não, foi junto à numerosa parcela de funcionários municipais que Marinho obteve os votos suficientes para se eleger em 2008. Os esperançosos eleitores aguardavam com expectativa que Marinho fizesse, ao menos, Justiça com a classe. Seria uma atitude de coerência com sua história sindical. Não foi o que aconteceu.
Marinho diz que está conversando com a representação dos trabalhadores, mas a chamada mesa de negociação é um teatro de cartas marcadas porque dirigentes do sindicato da categoria foram cooptados pelo prefeito. Nunca antes na história de São Bernardo se viu um peleguismo tão explícito como o praticado pelos dirigentes do Sindiserv. Assim como não há precedentes de um prefeito tão insensível com a realidade dos trabalhadores.
Não será surpresa se, no próximo ano eleitoral, Marinho apresentar um reajuste razoável e procurar arrefecer os ânimos para não prejudicar sua tentativa de reeleição. Um “cala a boca” circunstancial, à beira das urnas.
Se vai funcionar ou não, o tempo haverá de dizer. Difícil é imaginar que o prefeito pretenda fazer carreira política – inclusive em vôos mais altos – se insistir na notória indiferença e desprezo que dedica aos trabalhadores de sua administração, na emblemática cidade que foi berço de seu partido.
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