segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sexualidade brasileira na história

Luciane Mediato
Especial para o Diário


O Brasil é considerado por muitos como o país da nudez e da liberação sexual. Mas estão enganados aqueles que acreditam nessa visão preconcebida por europeus e norte-americanos. A história da sexualidade brasileira vai muito além deste tipo de estereótipo. Para quebrar preconceitos e trazer à tona o passado de nosso País, a historiadora Mary Del Priore escreveu o livro ''História Íntimas - Sexualidade e Erotismo na História do Brasil'' (Editora Planeta, R$ 29,90, 256 páginas).

"Esta obra é como um museu do erotismo e da sexualidade de nossos antepassados", explica a autora. "Começamos a pesquisar o que faziam os personagens históricos quando voltavam para casa. Como era sua intimidade, as concepções sobre o corpo, a educação das pulsões e desejos, o modo de pensar a beleza e a feiura. Tudo pode ser discutido a partir de fatos."

Nudez e pudor, hábitos de higiene, afrodisíacos, crendices, homossexualidade, prostituição, o surgimento da lingerie, a popularização do biquíni, a criação de remédios caseiros para aborto, o nascimento dos bailes de Carnaval e a revolução sexual. Todos esses ingredientes compõem a trajetória do sexo em território brasileiro.

Se hoje estamos acostumados a ver homens e mulheres nus na televisão ou desfilando corpos descobertos no Carnaval, a realidade nem sempre foi esta. "Alguém estar sem roupas era considerado pobreza e inspirava pena no período colonial", conta a historiadora.

Ma sociedade ocidental, onde predomina a doutrina cristã, foram séculos de repressão aos desejos sexuais. A masturbação era proibida e a homossexualidade, crime. Os homens não deveriam ter prazer com suas esposas. Logo, a prostituição era comum e servia de ajuda para o pagamentos de impostos ao clero.

Segundo Mary, a conduta sexual da sociedade era um assunto proibido. "Na Inquisição, mulheres que falassem de prazer sexual eram queimadas como bruxas. Apenas nos últimos 20 anos surgiu um novo olhar sobre a sociedade brasileira e os costumes sexuais."

A autora questiona também o caráter do brasileiro, que, em sua opinião, apresenta uma dupla moral. "Em casa somos racistas em segredo, mas na rua ou em grupo somos politicamente corretos. As agressões contra os homossexuais nas grandes cidades estão aí para comprovar. O machismo da sociedade é perpetuado pelas famílias e mães que criam ainda filhos machistas"

CURIOSIDADES


Além de um livro riquíssimo em termos históricos, a pesquisa revelou fatos curiosos. Nos séculos 17 e 18, por exemplo, a mulher era vista pela Igreja como venenosa e traiçoeira, sendo considerada uma das formas do mal sobre a terra. Por causa dos mistérios de sua fisiologia - fluxo menstrual, odores, líquido amniótico e outras secreções - seu corpo era apontado como impuro.

Mary destaca que o século 19 foi marcado pelo adultério e que o exemplo vinha de cima, ou seja, da família real. A traição era válida apenas para os homens, já que às mulheres cabia aguardar seus maridos em casa. Entre os súditos, "fazia-se amor com a esposa quando se queria descendência; o resto do tempo era com a outra".


http://www.dgabc.com.br/News/5884702/sexualidade-brasileira-na-historia.aspx, publicado 09/05/2011, acessado 09/05/2011.

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