Marinho ameaça retirar plano de cargos e salários

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC

Diante da rejeição do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração por 98% do funcionalismo, segundo pesquisa feita pelo Sindicato dos Servidores, o prefeito Luiz Marinho (PT) fez análise radical sobre a situação. "É só os funcionários formalizarem o pedido que eu o retiro."

Mais do que isso, o petista disse que, caso o plano de cargos seja cancelado - ainda está em discussão e deve ser enviado para aprovação da Câmara até dia 31 -, a administração economizará R$ 40 milhões, referente ao impacto que causará nos cofres municipais.

"Para mim, não tem problema nenhum, vão me sobrar R$ 40 milhões para investimento. O suficiente, por exemplo, para fazer toda a revitalização da Rua Marechal Deodoro", continuou o chefe do Executivo.

Do montante divulgado pelo prefeito, R$ 20 milhões por ano serão de impacto direto na folha de pagamento, ocasionado pelo aumento de salários, segundo o Departamento de Gestão de Pessoas do Paço. A metade restante será aplicada nas futuras promoções na carreira.

Além da afirmação contundente, Marinho criticou a atuação do Sinderv na negociação e divulgação do plano de cargos ao funcionalismo. "É preciso que o sindicato esteja de acordo com o processo de reestruturação. Dizer: ‘queremos porque o que existe hoje não serve'. Em segundo lugar, fazer reuniões em todos os segmentos e explicar o processo. Aparentemente, não fez e não cumpriu a tarefa sindical."

Uma das principais críticas dos servidores é quanto à ausência de critérios para promoções e concessão de benefícios, o que pode gerar conflitos internos, com execução de juízos pessoais, não profissionais.

O biênio - acréscimo automático de 2% do salário a cada dois anos -, por exemplo, é concedido hoje para todos, independentemente de avaliação. Na avaliação do Sindserv, o plano de cargos tira esse direito histórico dos funcionários.

"A grande reclamação é essa. Então quem rala tem mesmo benefício de quem não rala? Os critérios eles próprios podem ajudar a formatar, faz parte da mesa de negociação. Dizem que não serve, mas digam o que serve", analisou Marinho, ao finalizar de forma enfática, novamente. "Se os servidores não quiserem, será um grande favor. E deixará mais gente feliz por aí (com outros investimentos na cidade)."



PESQUISA

Onze dias depois de iniciada pesquisa realizada pelo sindicato em 16 de junho, 98,4% dos 579 funcionários que responderam não concordam com o PCCR. O levantamento, por meio de formulário na internet, terminou sexta-feira. Cerca de 800 trabalhadores participaram, mas não foi divulgado o percentual final.

Os servidores querem que a Prefeitura altere alguns pontos do plano. Se não houver mudança, na quarta-feira o sindicato promove assembleia geral que definirá se haverá paralisação da categoria.


http://www.dgabc.com.br/News/5897031/marinho-ameaca-retirar-plano-de-cargos-e-salarios.aspx, publicado 03/07/2011, acessado 04/07/2011.