quinta-feira, 7 de julho de 2011

Onde andará a minha geração?



Rick And Roll

Há tempos venho me perguntando onde andarão os sobreviventes da minha geração e a cada dia observo que muitos daqueles garotos e garotas que queriam mudar o mundo, hoje assistem a tudo em cima do muro da indiferença e do benefício próprio.
Digo isso, porque na nitidez da distância, vários sobreviventes dos anos 70 parecem estar conservados no modelo da tradição, família e propriedade e condenados a não se lembrar das conquistas e decepções, que refletiam o rude e frágil espírito da juventude.

Brasil - Anos 70


Mesmo debaixo dos coturnos da ditadura militar, o cenário musical da década 70 apresentava sintomas de criatividade e um sopro de emoção e entusiasmo, apesar dos equipamentos precários, das portas fechadas das gravadoras, do desinteresse das emissoras de TV e da falta de apoio dos programadores de rádios AM (uma vez que quase não existiam emissoras de FM, e as que existiam eram exclusivamente de som ambiente). Vale lembrar que, o único programa dedicado ao público roqueiro era o Kaleidoscópio, transmitido nas madrugadas de sábado na rádio América e apresentado pelo mitológico Jacques. Alguém lembra?
Nesta época de tímidos avanços, Walter Franco, Luiz Melodia e Jorge Mautner faziam shows em teatros pouco maiores que uma sala de visita, enquanto isso, Raul Seixas perambulava bêbado pelas madrugadas de São Paulo e nos Estados Unidos, John Lennon pregava a utopia de um sonho que ainda se podia imaginar.
No meio deste turbilhão criativo, surgiram diversas bandas. O som era complicado, os músicos não faziam sucessos românticos, nem eram tropicalistas intelectualizados, misturavam riffz de rock com harmonias de jazz e intermináveis solos de guitarra e sintetizadores, com arranjos de violino, cello e flauta.
Nas portas dos teatros, jovens cabeludos queriam mudar o mundo vendendo poesias mimeografadas, com temas que giravam em torno da contracultura, das transas ecológicas, dos discos voadores e dos papos transcendentais.
Passadas algumas décadas, eu pergunto:
Onde andarão os sobreviventes da minha geração?
Será que se fundiram na inércia do conformismo ou ainda sonham e se entusiasmam com as experiências de liberdade das novas gerações.
Sem querer estender o circuito da nostalgia, reconheço que a década de 70 foi o marco inicial da minha formação musical e de toda uma geração que não teve medo de assumir riscos, nem de sonhar com um mundo melhor.
E antes que eu me esqueça:
Tire o pé da parede !!!

http://www.jornalabcreporter.com.br/noticia_completa.asp?destaque=14230, publicado 06/07/2011, acessado 07/07/2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário