sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Umbanda, quem é seu Deus?


A Umbanda é uma religião afro-brasileira, traz muitos pontos de vista semelhantes aos da cultura Bantu (Congo-Angola) e Nagô/Ioruba, principalmente no que se fala da criação do mundo, mas, há diferenças na interpretação, pois, a Umbanda não segue as mensagens dos oráculos como faz o Candomblé, a Umbanda se baseia numa praticidade vinda das Entidades, naquilo que aprendemos na convivência com as mesmas.
Em nosso consentimento existe somente um Deus, assim como nas diferentes nações de Candomblé., só que a Umbanda não traz uma especificação de nomeação e origem ao chamar por esse Deus, como, por exemplo, os Bantos que o chamam de Nzambi/Zambi ou os Nagôs que o chamam de Olorum, mas, é bom cogitar que ambos os povos citados, seguem toda uma cosmogonia baseada em sua cultura e origem. A Umbanda não segue a mesma cosmogonia desses povos, o que ocorre, é, que, alguns umbandistas optam por seguir particularmente próprios conceitos em relação a criação do mundo e universo, e a maioria ao fazer isso, seguem conceitos do povo Ioruba.
Como disse, toda a teoria umbandista é baseada no convívio com as Entidades espirituais, onde a cada dia deciframos uma incógnita e dúvidas básicas. É muito comum nas giras de Umbanda ouvir variáveis nomeações ao referir-se a Deus, como os Pretos Velhos que dependendo de sua origem em vida carnal, referi-se a Deus por Zambi, ou os Caboclos de Pena que na sua maioria referi-se a Deus por Tupã, isso não significa que dentro de uma ritualística o condutor/Dirigente Espiritual do terreiro tenha que saudar a cada instante ou linha um Deus diferente, ou melhor, por um nome diferente de Deus. É muito comum falar com essas Entidades conforme sua cultura e origem, portanto, ao falar com um Caboclo de Pena nos referirmos a Deus por Tupã e com um Preto Velho de origem Bantu, nos referirmos a Deus por Zambi, mas isso também não é via de regra, é apenas um carinho ou jeito de falar com as Entidades.
Seguindo as origens umbandistas, na qual é uma raiz Afro-ameríndia que surgiu de uma miscigenação entre negros da região Bantu e índios brasileiros, seria normal em termos nos referir a Deus por Zambi ou Tupã, mas não foi isso que ocorreu. E, acredito que justamente não ocorreu por conta de que a exigência do ritual umbandista nunca levou a isso, mas sim levou ao respeito desta miscigenação, deixando cada um levar seu pensamento em Deus como o criador apenas, sem seguir quaisquer cosmogonias específicas.
Com a incorporação dos Orixás nos rituais umbandistas, a predominação maior (abaixo do criador) ficou apontada para Oxalá, o Orixá mais velho. Portanto, na Umbanda é muito comum sempre a referência a Oxalá ou apenas a Deus dentro dos rituais.
Não vamos deixar vaidades predominar a Umbanda, se referir a certos conceitos que advêm de outras ritualísticas não vai dar um “axé” a mais na casa. Também devemos tomar cuidado mesmo que a intenção seja boa, no sentido de homenagear a cultura com saudações e termos, pois, pode acabar desmerecendo outros rituais. A Umbanda tem nosso Deus e criador que rege todo universo e a todos, abaixo deste Deus vamos preservar a Divindade que veio a nos iluminar...

Que Oxalá ilumine a todos nós filhos da Terra!

Carlos Pavão

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