Hoje recebi mais um daqueles e-mails “prontos” indignados com a condição dos professores de escola pública!
O autor do e-mail deve ter sido ovacionado por aqueles que escolheram essa profissão acreditando, talvez, que algo mudaria e eles viriam ganhar algum dinheiro, além de que constatariam o fato mais surpreendente na história da humanidade contemporânea, ou seja, o fim dos “alunos” marginais e o interesse dos governos no aprendizado por parte da população que os elegerá no futuro!
Falemos do ganhar dinheiro:
Eu sei que só tenho 43 anos de idade e por isso, provavelmente, eu desconheça a existência de algum professor que tenha ficado rico a partir do seu salário;
Na Antiguidade os professores eram bastante valorizados! Tanto que eram escravos cultos, comprados por alto preço para esse fim, ou servos obstinados a transmitirem seu conhecimento a futuros reis ou governantes...
Você que está lendo já ouviu ou leu algo acerca de algum professor que tenha ficado rico à custa do salário? Eu sei que não.
Concluímos que essa não é uma profissão para quem deseja enriquecer e eu estou mencionando o verbo transitivo enriquecer pelo fato de que o autor do e-mail que gerou esse texto o tenha usado de forma irônica, mas eu o faço de forma racional.
“Alunos” marginais já transitavam nas salas de aula há séculos, mas era minoria e eram tratados como casos relacionados com a segurança pública.
No Brasil temos o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – que protege esses bandidos; foi criado em 1990 e não por acaso foi o divisor de águas no sentido de legalizar o banditismo infanto juvenil.
Meu primeiro emprego foi aos nove anos de idade (quase dez). Eu me sentia super importante como auxiliar de pintor mecânico! A minha mãe, a dona Bernadete, me olhava toda orgulhosa quando eu chegava em casa com a roupa encardida, cansado, mas cheio de novidades para contar: “- Caraca, mãe! Hoje eu ganhei um dinheiro extra trocando o pára-choques de um carro de um ricaço! Ele me deu quase o valor do meu salário da semana! Olha só!”
Eu nem precisava trabalhar, mas a minha família entendia que para que uma criança respeitasse um profissional ela deveria aprender uma profissão logo cedo, ainda que não fosse exercê-la no futuro, porque só é capaz de respeitar um trabalhador quem é trabalhador e eu tinha e ainda tenho um respeito enorme por todos os profissionais que se dispuseram a dividir comigo a maior riqueza que eles tinham, ou seja, seu conhecimento!
O ECA decretou a vagabundagem juvenil!
Misturou (ou confundiu) trabalho escravo com trabalho digno e necessário para a formação e valorização da pessoa!
Hoje a ociosidade faz com que sobre tempo para maquinar o mal.
Os videogames ensinam de tudo um pouco; a televisão...
Eu jamais entraria numa sala de aulas para arriscar a minha vida e na melhor das hipóteses, a minha saúde, pois os consultórios psiquiátricos estão abarrotados de professores e não é por causa do salário, mas por causa do inferno que é uma sala de aulas!
Quando vou a uma escola pública, na condição de palestrante, não saio sem comparar aquele recinto com um manicômio!
Em relação aos governantes do planeta - e sua Nova Ordem Mundial - desejarem que seus eleitores de agora e do futuro sejam incapazes de entender o que é caráter, honestidade e ética, além de patriotismo, bem como a importância dessas qualidades em um ser pensante, tem motivação óbvia e desnecessário se faz tecer qualquer comentário a respeito...
Onde está a Disciplina Educação Moral e Cívica?
Ah! Era coisa dos militares...
Não precisamos mais disso em nossas escolas “democráticas”.
Ser professor está muito acima de ser um profissional! É missão! Sou Missionário proselitista e estou em extinção da mesma forma que estão em extinção verdadeiros professores!
Hoje o nome que se dá é “Educador”!
O que é um educador?
Minha mãe era a minha educadora e ainda hoje a consulto quando preciso tomar alguma decisão difícil!
Então se a pessoa é educadora e não é pai ou mãe do educando é babá!
Qual o piso salarial de uma babá? R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais)?
Ora! Uma babá geralmente é contratada para cuidar de uma criança ou quando muito de duas ou três!
É uma profissional exclusiva! Quanto ganha um professor exclusivo?
Já dei aulas particulares e cobrava muito caro para isso!
Tente imaginar uma babá para quarenta adolescentes ou crianças!
Não. Professor não é educador. É mestre!
Mas como dizemos no Surf: existem os profissionais e os de alma!
Ser professor é acima de tudo ser um bravo e eu, embora tenha muito conhecimento e formação para tanto, me considero incapaz de exercer essa Missão numa sala de aulas, a não ser com uma escolta policial que não seja corrupta.
Onde eu acharia uma escola que fornecesse escolta policial? E ainda por cima não poderia ser corrupta!
Sei.
Minha solidariedade e homenagem a esses bravos de giz e apagador nas mãos!
Ronaldo Rhusso
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