domingo, 27 de abril de 2014

31 DE MARÇO POR NEVINO ROCCO



Há exatos cinquenta anos a Revolução mudou nosso país. Essa a nossa maior data. Infelizmente, difamada! Não fora a competência e a disposição do insigne Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco e dos seus subordinados, pensando um Brasil como um todo, não sei o que seria deste gigante. Quem duvide folheie o Diário Oficial da União de 27/02/1966 e certifique-se de que essa edição trouxe toda uma legislação, primorosa e cuidadosamente preparada, que passou a viger dez meses depois, a 01/01/1967, de fácil interpretação, disciplinando o mercado de capitais e criando o Banco Central, o sistema financeiro da habitação com o BNH, garantindo os depósitos na poupança, instituindo o FGTS, o código tributário nacional com isenção de tributos para tratores, caminhões, ônibus, ambulâncias e importação de fábricas completas, a construção de estradas e os programas de desenvolvimento da Amazônia e do nordeste (Sudam, Sudene, Sudepe...) visando à disseminação da população e ocupação do nosso território...
Com as isenções mecanizou-se a agricultura e nos tornamos logo os maiores produtores de feijão do mundo enquanto os trabalhadores do campo migravam para a construção de estradas e hidroelétricas. Os investimentos obrigaram-nos a uma inflação programada desde o governo de Juscelino Kubischek e ao socorro do FMI mas os frutos produzidos com a execução desses planos viriam-nos permitir, como permitiram, não só estabilizarmos a nossa moeda com o plano real como, até, criarmos um fundo soberano. Nada disso teria sido possível sem a execução desses planos seriamente elaborados e executados pelos bons governos que se sucederam desde Getúlio Vargas (legislação trabalhista, siderurgia, indústria pesada), Juscelino Kubischek (metas e indústria automobilística), com foco centrado no país como um todo. Governos de equipes notoriamente competentes que trabalharam com amor pelo país.
A meta da indústria automobilística, nos anos 80, contava virar o milênio produzindo dez milhões de unidades/ano para abastecer, a partir daqui, toda a América e o Oriente Médio. Em 1985, nossa balança comercial já apresentava superávit mensal ao redor de cento e cinquenta milhões de dólares, o que permitiria quitar a dívida externa em poucos anos.
Infelizmente, precipitou-se o famigerado Plano Cruzado e a demagógica moratória, abortando aqueles planos, afugentando os investidores, deixando-nos de joelhos. A nossa indústria automobilística transferiu-se para o Oriente onde gerou os chamados tigres asiáticos. Suspendemos a construções de hidroelétricas ao argumento de que sobraria energia sem mercado... Nosso país caiu de joelhos! Seguiu-se outro malfadado plano, o conhecido Collor disseminando a pobreza, deixando a todos de chapéu na mão. Chegamos a 2014 sem atingir as metas para 2000, desperdiçando os frutos do trabalho e dedicação dos bons governos anteriores.
 SALVAMO-NOS com as desgraças alhures que supervalorizaram o que estávamos produzindo graças aos incentivos anteriores. A gripe aviária, na Ásia, valorizou nosso frango. A vaca louca, na Europa, fez o bife superar o salmão em preço. O verão causticante que destruiu as searas e esgotou os estoques reguladores do primeiro mundo, abriu mercado para nossa soja, nosso milho e outros cereais a preços inesperados. Tsunami no Japão ajudou a nossa indústria.       
Produzimos mais cereais que o estimado e vendemos tudo por preços muito superiores aos das safras anteriores.
Do dizer vulgar, choveu na nossa horta. Não fora a legislação preparada por técnicos altamente preparados e o planejamento executado por governos anteriores, os investimentos em pesquisa e produção de petróleo e combustíveis alternativos como Proálcool e babaçu, que viriam a nos libertar de importações, não teríamos alcançado tanto êxito que desmentimos a todos - estimativas oficiais, técnicos economistas e, até, os bruxos!
As desgraças no primeiro mundo foram tais que geraram os BRICS (Brasil, Rússia, China e África do Sul), os países elevados à condição de emergentes.
Lamentavelmente, enquanto nos batemos por esquerda ou direita, ditadura ou democracia, não enxergamos que esses rótulos não identificam seus conteúdos. Nem nos apercebemos de que, enquanto pagamos a dívida externa e não transferimos nada do período favorável para atividade urbana, criamos os tigres asiáticos e empregos na China. E regredimos aos idos de 1964 com uma balança cambial dominada pelo agronegócio em mais de 50%. Apenas diversificamos; não se trata apenas do café...
 Por isso, parece-me (não sou economista) que, com seus estoques reguladores refeitos, o primeiro mundo já não depende tanto dos BRICS e o termômetro do nosso fluxo cambial já se faz sentir, levando o atual governo a truques contábeis para produzir ilusórios superávits, já que não ousa atribuir uma herança maldita ao seu propulsor.
 Precisamos de governos sérios como foram os de Getúlio Vargas, Juscelino Kubischek, Castelo Branco, Emílio Médici, João Figueiredo e outros que serviram à Pátria sem ser servirem dela.

Nevino Antonio Rocco é Advogado e morador de São Bernardo do Campo / SP.

Fonte: Texto enviando por e-mail em 28/03/2014 e publicado com autorização do autor.


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