domingo, 27 de julho de 2014

HUGO MIGUEL ETCHENIQUE


A notícia da morte de Hugo Miguel Etchenique, fundador da Brasmotor e da Brastemp, tocou-me profundamente. Fui seu office-boy, em meu primeiro emprego com carteira assinada. Ano de 1953. Àquela época ninguém sonhava com décimo terceiro mas a Brasmotor chamava seus trabalhadores de colaboradores e, no final do ano, pagava um ou mais salários, conforme o tempo de serviço, a título de gratificação. Com esse abono, comprei meu primeiro rádio, um GE de cabeceira, à base de válvulas. De retorno da licença para o serviço militar, assumi outras funções, sempre subordinado a esse extraordinário homem, educado, respeitoso que completava a educação recebida em casa e na escola. Muito preocupado com o nome e o prestigio da sua marca não admitia que um consumidor não fosse bem atendido. A qualquer reclamação, enviava logo um técnico para resolver o problema. E não era fácil. O Brasil ainda tinha capitais sem energia elétrica e, onde a tínhamos, variava muito a tensão e aciclagem. Mas Ele não desanimava. Desejava e conseguiu que uma Brastemp tinha de ser uma Brastemp, em tudo. Para mim, foi um verdadeiro segundo pai. Durante minha faculdade, liberava-me para estágios e provas e, depois, mandava pagar por esses dias. 

Nevino Antonio Rocco é advogado e morador de São Bernardo do Campo/SP.

Fonte: Texto enviado pelo autor por e-mail em 23/07/2014.

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