domingo, 12 de maio de 2024

Apoie o artista enquanto ele está vivo, porque depois de morto... já era


"Impressionante como, normalmente, os que produzem arte e cultura são lançados a margem e passam uma vida de dificuldades e problemas mil. Não estou falando dos "bem sucedidos" que estão bem enquadrados nesta prisão de boçalidades, produzindo entretenimento inofensivo. Aponto os autênticos e viscerais que trazem o incômodo e o inconveniente para provocar o movimento, as mudanças. Eles são muitos e estão espalhados em quartinhos imundos, calçadas podres e barracos miseráveis. Alguns tem de vender o tempo de vida, que poderiam estar usando para produzir algo realmente valoroso para a humanidade, em troca de migalhas para garantir o feijão com farinha. Lamentável um aglomerado que trata assim os que estimulam a produção do conhecimento, a criatividade, os que registram épocas e acontecimentos, os que fecundam a terra para que venham os novos tempos. Dois destes se encontraram pelo mundo, por intermédio de Glauco Mattoso, que dispensa apresentações, e passado o tempo, apertando os laços e afinando as ideias, criaram a Editora Merda na Mão. Estes dois guerreiros travam uma luta hercúlea pela sobrevivência, não só de suas existências, como da existência de um mundo muito mais interessante do que este que nos cerca. Estamos falando do mundo das ideias, do mundo ideal. Um deles está travando uma batalha mais difícil do que a habitual e, no momento, precisa de nossa atenção. Fabio da Silva Barbosa, responsável por projetos memoráveis, como a Tarde Multicultural Sem Fronteiras, Impresso das Comunidades, Comunidade Editoria, Informativo Digital ou E-mail de Guerrilha, blog Inverso&aoContrário e os ainda na ativa zine Reboco Caído e FSB&RC Prod/Distro. Se for falar de seus livros precisaríamos de muitas laudas para não deixar falar de cada detalhe de suas obras, mas não poderia deixar de citar o impactante Vomitando Sangue, que saiu em uma bela edição cartonera, e seu último lançado já por sua editora,   A DOR DOS QUE SENTEM - Diário dos abandonados pela felicidade, um diário de sua internação psiquiátrica que tive a honra de escrever uma pequena apresentação sobre. Este cara, que para mim e para muitos, é o maior escritor underground da atualidade, mudou do Rio de Janeiro para Porto Alegre e, atualmente, como todos que vivem no Rio Grande do Sul, está passando grande aperto para se manter durante este período de fortes e intermináveis chuvas. Seus dificuldades financeiras aumentaram pelos gastos extras que a catástrofe impõe e pelos preços elevados que comerciantes gananciosos põe em mercadorias essências para se aproveitar do momento de desespero da população. Maldito capitalismo e malditos capitalistas. Assim que vi a campanha divulgada pelo seu companheiro de editora e outras aventuras, Diego El Khouri, fiz o depósito e comecei a repassar o corre junto deste relato que escorreu dos meus dedos para os teclados do computador."
Índio Louco

"Tive a oportunidade de conhecer Fabio da Silva Barbosa, também conhecido como FSB ou Bob C, quando ele ainda não tinha cabelos brancos, filhos, ou a calvície que não para de avançar. Sempre foi o filha da puta mais doido e producente que conheci. Estava sempre envolvido em algum projeto novo, algum livro, zine, evento... Coisas incríveis saiam daquela cabeça febril. Devido a meu estilo de vida nômade minimalista, perdemos contato várias vezes, mas sempre nos esbarrávamos de novo das formas mais loucas e improváveis possíveis. Sembre busquei acompanhar todas as suas obras, sejam as em formato livro, zine, cartonero, jornal, e-book, programas de rádios, projetos de noise... enfim... Sempre bebi dessa fonte com avidez e tive até a chance de escrever um texto de abertura para um de seus livros (Não lembro bem se foi um texto de abertura e menos qual foi o livro, pois tudo que leio, passo a diante, não guardo nada, o acumulo dificulta minha locomoção errante pelo mundo. Mas foi algo assim). O lance é que vi no blog da editora que fundou com o seu parceiro, Diego El Khouri (que também tem um grande trabalho e que conheci através do Fabio), e também no blog do ColetiveArts (outro projeto muito interessante que conheci através deste louco) que o cara que já passou por várias, agora tá amargando as dificuldades de sobreviver a tragédia que assola o Rio Grande do Sul. Ele mesmo não me falou nada, se não vejo as divulgações feitas pelos amigos e parceiros de longa data, nem tava sabendo. Afinal, hoje já tenho e-mail e de vez enquanto consigo dar uma olhada. Era só ele passar o SOS que eu fazia a correria do mangueio e mandava algo para ajudar. Quando perguntei sobre, ele foi categórico: "Minha arte é sobreviver na merda por não me adaptar ou me encaixar neste painel sórdido que chamam de sociedade, isso não é segredo para ninguém. Minhas dificuldades triplicaram neste momento que vivemos aqui, no Rio Grande do Sul. Se a galera não tivesse agitado esse lance, eu estaria aqui definhando, na minha. Mas sou muito grato a todos, pois as ajudas estão chegando e está sendo menos penoso passar por esta situação que por si só já é terrível." Então valeu Diego El Khouri, ColetiveArts e todos os demais que estão apoiando este grande guerrilheiro do submundo. Sem ter encontrado esse cara através dos blogs e zines, não seria a mesma pessoa que sou hoje. E posso dizer que sou muito satisfeito com a postura e senso crítico que constitui essa criatura dantesca que me tornei e que, como diz o próprio Fabio, "incomoda os acomodados". O PIX para depósito segue na divulgação que passo junto deste meu singelo relato."
Pedro o Banha 


Divulgação repassada pelo Editora Merda na Mão


Divulgação repassada pelo ColetiveArts

 

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