Líderes aliados ao governo já preparam decreto para evitar que liberação de recursos de anos anteriores seja automaticamente cancelada por Planalto
16 de março de 2011 | 0h 00
Denise Madueño / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Líderes da base se rebelam contra o cancelamento de liberação de recursos incluídos em Orçamentos da União dos últimos três anos por meio de emendas parlamentares, e ameaçam, com isso, o esforço fiscal da presidente Dilma Rousseff. Está em negociação a edição de um decreto para garantir o pagamento do dinheiro de emendas que beneficiam obras nas cidades que são base eleitoral desses deputados.
A minuta do decreto, que pede que a discussão seja "reservada" e "confidencial", está pronta e em negociação com o governo. O texto, ao qual o Estado teve acesso, mantém a validade dos "restos a pagar" relativos aos orçamentos de 2007, 2008 e 2009. O decreto propõe mudanças na execução dos convênios e contratos com as prefeituras. O motivo de irritação dos aliados é a Caixa Econômica Federal, responsável pelos repasses.
O decreto de 31 de dezembro de 2010 estabelece que os restos a pagar não processados desses anos perderão validade em 20 de abril - exceto despesas da saúde e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Decreto publicado no início do mês fixou um valor máximo para quitar contas deixadas pelo governo Lula - o que exceder o teto não será honrado. Estima-se que os restos a pagar de emendas de 2007 a 2009 somem R$ 60 bilhões e que R$ 33,9 bilhões deixariam de ser quitados.
A proposta discutida ontem com o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), é que a prescrição dos restos a pagar ocorra em cinco anos - e não em três.
O líder do PP, Nelson Meurer (PR), ficou encarregado de fechar o texto. "Tem uma pressão de líderes legítima em cima do governo por causa do decreto. Muitas obras estão em curso pelas prefeituras e seriam paradas por falta de verba", disse o deputado Sílvio Costa (PTB-PE).
Junto com a manutenção dos restos a pagar, os líderes exigem mudanças nos convênios. Eles reclamam das exigências da Caixa e da falta de empenho do órgão em repassar o dinheiro. "A discussão é sobre o modo operacional. Queremos que o dinheiro do município realmente chegue, e não deixe o prefeito em situação difícil", afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
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