Efeito bola de neve
14 março, 2011
Aumento do endividamento do brasileiro favorece crescimento da inflação, alerta Marcus Pestana
O deputado Marcus Pestana (MG) vê com preocupação o endividamento crescente dos brasileiros. O comprometimento da renda com o pagamento de dívidas aumentou 6,9 pontos percentuais (46,6%) entre 2003 e 2010, segundo cálculos da LCA Consultores com base em dados do Banco Central (BC). De acordo com o BC, em janeiro de 2003, o brasileiro precisava destinar 14,6% do seu ganho familiar mensal para a quitação de débitos. Já em dezembro de 2010 esse percentual passou para 21,4%. Houve novo salto em janeiro deste ano (o dado mais recente divulgado pelo BC), quando o indicador atingiu 22,2%. Especialistas dizem que “o limite de segurança” para evitar um ciclo vicioso de dívidas é de 25% da renda.
Para Marcus Pestana, os riscos do crescimento do consumo são o endividamento das pessoas, a volta da inflação e a inadimplência. Economista, o tucano explicou que a expansão do crédito foi uma grande alavanca do crescimento do Brasil nos últimos anos, mas por outro lado, acabou criando um “ciclo vicioso”.
“Claramente se anuncia um limite nessa estratégia de crescimento baseada na expansão do endividamento das pessoas. Isso é muito preocupante. Nós temos vários sinais como a inflação, que era uma questão arquivada na história, e passa novamente a preocupar. O esgotamento do crédito pessoal preocupa no sentido da desaceleração do consumo e da economia como um todo”, ponderou o deputado nesta segunda-feira (14).
Os dados do BC levam em consideração apenas as dívidas dos consumidores com os bancos. São dívidas com crédito pessoal, consignado (com desconto em folha de pagamento), financiamento de veículos e crédito habitacional. Não estão incluídas as pendências com cheque especial e cartão de crédito, que embutem taxas de juros superiores a 10% ao mês e costumam fazer os maiores estragos no orçamento.
O parlamentar destacou que o crédito é fundamental para a expansão da economia, mas deve ser usado com equilíbrio e bom senso. “O exagero do consumo acima da capacidade real de pagamento das pessoas acena com uma crise de inadimplência a médio prazo que é muito preocupante. Crescem as taxas de juros e isso se transforma em uma bola de neve. É um processo que leva a desaceleração do consumo e da economia”, alertou.
De acordo com a Associação Comercial de São Paulo, o valor médio da dívida na capital paulista subiu 46,6% entre 2003 e 2010, passando de R$ 1.500 para R$ 2.200. Segundo levantamento do Banco Central, em janeiro de 2003, as dívidas com atrasos superiores a 90 dias representavam 7,7% do total de crédito então disponível, de R$ 88,5 bilhões. Em janeiro passado, esse percentual era menor (5,7%), mas incidia sobre uma base mais encorpada (R$ 559,6 bilhões).
No comércio, o total de endividados subiu nos dois primeiros meses de 2011, segundo a Confederação Nacional de Comércio (CNC). Um levantamento com 18 mil famílias em todo o país mostrou que o total de endividados passou de 59,4% em janeiro para 65,3% em fevereiro. No mesmo período, o percentual de famílias com dívidas em atraso passou de 22,1% para 23,4%. Destes, 7,7% não terão como pagar o que devem.
Na avaliação do parlamentar, faltam campanhas governamentais para a educação financeira da população. “É preciso aprofundar esse trabalho de educação para o consumo responsável em níveis que a renda das pessoas comporte. Nós assistimos a uma expansão muito além do que seria recomendável”, avaliou Pestana.
Brasileiros levam estilo de vida de consumidores do Primeiro Mundo
→ A estabilidade da economia e a oferta abundante de crédito nos últimos anos levou o brasileiro a experimentar um pouco o estilo de vida de consumidores de Primeiro Mundo. Nos EUA, segundo o Federal Reserve (o banco central americano), as dívidas comprometem 17% da renda. É menos do que no Brasil, mas é preciso considerar a diferença de renda entre os trabalhadores dos dois países. Enquanto nos EUA a média chega a US$ 4,4 mil por mês, no Brasil o valor é de cerca de R$1,5 mil (US$ 882).
(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
O deputado Marcus Pestana (MG) vê com preocupação o endividamento crescente dos brasileiros. O comprometimento da renda com o pagamento de dívidas aumentou 6,9 pontos percentuais (46,6%) entre 2003 e 2010, segundo cálculos da LCA Consultores com base em dados do Banco Central (BC). De acordo com o BC, em janeiro de 2003, o brasileiro precisava destinar 14,6% do seu ganho familiar mensal para a quitação de débitos. Já em dezembro de 2010 esse percentual passou para 21,4%. Houve novo salto em janeiro deste ano (o dado mais recente divulgado pelo BC), quando o indicador atingiu 22,2%. Especialistas dizem que “o limite de segurança” para evitar um ciclo vicioso de dívidas é de 25% da renda.
Para Marcus Pestana, os riscos do crescimento do consumo são o endividamento das pessoas, a volta da inflação e a inadimplência. Economista, o tucano explicou que a expansão do crédito foi uma grande alavanca do crescimento do Brasil nos últimos anos, mas por outro lado, acabou criando um “ciclo vicioso”.
“Claramente se anuncia um limite nessa estratégia de crescimento baseada na expansão do endividamento das pessoas. Isso é muito preocupante. Nós temos vários sinais como a inflação, que era uma questão arquivada na história, e passa novamente a preocupar. O esgotamento do crédito pessoal preocupa no sentido da desaceleração do consumo e da economia como um todo”, ponderou o deputado nesta segunda-feira (14).
Os dados do BC levam em consideração apenas as dívidas dos consumidores com os bancos. São dívidas com crédito pessoal, consignado (com desconto em folha de pagamento), financiamento de veículos e crédito habitacional. Não estão incluídas as pendências com cheque especial e cartão de crédito, que embutem taxas de juros superiores a 10% ao mês e costumam fazer os maiores estragos no orçamento.
O parlamentar destacou que o crédito é fundamental para a expansão da economia, mas deve ser usado com equilíbrio e bom senso. “O exagero do consumo acima da capacidade real de pagamento das pessoas acena com uma crise de inadimplência a médio prazo que é muito preocupante. Crescem as taxas de juros e isso se transforma em uma bola de neve. É um processo que leva a desaceleração do consumo e da economia”, alertou.
De acordo com a Associação Comercial de São Paulo, o valor médio da dívida na capital paulista subiu 46,6% entre 2003 e 2010, passando de R$ 1.500 para R$ 2.200. Segundo levantamento do Banco Central, em janeiro de 2003, as dívidas com atrasos superiores a 90 dias representavam 7,7% do total de crédito então disponível, de R$ 88,5 bilhões. Em janeiro passado, esse percentual era menor (5,7%), mas incidia sobre uma base mais encorpada (R$ 559,6 bilhões).
No comércio, o total de endividados subiu nos dois primeiros meses de 2011, segundo a Confederação Nacional de Comércio (CNC). Um levantamento com 18 mil famílias em todo o país mostrou que o total de endividados passou de 59,4% em janeiro para 65,3% em fevereiro. No mesmo período, o percentual de famílias com dívidas em atraso passou de 22,1% para 23,4%. Destes, 7,7% não terão como pagar o que devem.
Na avaliação do parlamentar, faltam campanhas governamentais para a educação financeira da população. “É preciso aprofundar esse trabalho de educação para o consumo responsável em níveis que a renda das pessoas comporte. Nós assistimos a uma expansão muito além do que seria recomendável”, avaliou Pestana.
Brasileiros levam estilo de vida de consumidores do Primeiro Mundo
→ A estabilidade da economia e a oferta abundante de crédito nos últimos anos levou o brasileiro a experimentar um pouco o estilo de vida de consumidores de Primeiro Mundo. Nos EUA, segundo o Federal Reserve (o banco central americano), as dívidas comprometem 17% da renda. É menos do que no Brasil, mas é preciso considerar a diferença de renda entre os trabalhadores dos dois países. Enquanto nos EUA a média chega a US$ 4,4 mil por mês, no Brasil o valor é de cerca de R$1,5 mil (US$ 882).
(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
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