não trago novas
não as sei
há muito que caminho
tudo se repete
na ilusão
não trago novas
os nomes fui-os deixando
sobram alguns rostos
olhares mãos
palavras poucas
não trago novas
há muito que caminho
só isso sei
caminhar e perder-me
e é tanto
o pescador subirá para a bateira
onde o camarada o aguarda
partirão ambos a fazer a maré
eu
eu ficarei no cais mais um pouco
e regressarei a casa
são assim os dias
mesmo aqueles em que
não trago novas
(chegado, murtosa)
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