segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rádio especializada

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC


Qualquer conversa, seja sobre futebol ou economia, pode acabar em debates acalorados. Se assuntos considerados mais sérios, como política e religião, acabam por afastar possíveis participantes - principalmente os jovens -, as áreas culturais sempre foram marcadas pelo clima descontraído. Com a internet, algumas dessas conversas deixaram de ser anônimas para ser divulgadas por toda a rede por meio dos podcasts.

O termo acaba por unir as ações dos broadcast, que transmitem informações, e do iPod, no qual podemos selecionar o material que ouvimos.

De maneira grosseira, os podcasts podem ser definidos como programas ao estilo das rádios, mas que podem ser ouvidos no computador no momento e da maneira que a pessoa desejar.

As atrações abordam temas específicos, como história das HQs, tradução de livros, evolução do cinema 3D e o futuro da produção musical. "O único segredo ou receita para um bom podcast é escolher algo que você realmente goste de debater, pois assim o seu público o encontra mais facilmente", explica Diogo Salles, um dos responsáveis por falar sobre música no Tungcast (www.tungcast.com
). No ‘programa'', o mercado do setor nos anos 2000, as infraestruturas precárias dos shows no Brasil e a carreira dos roqueiros do Metallica são pautas. "Podcast é uma coisa mais de nicho. Não dá muito certo querer atirar para todos os lados."

Os participantes surgem com novas ideias e, dependendo do que será abordado, são obrigados a fazer pequenas pesquisas para buscar informações. A ajuda dos ouvintes também é fundamental ao mandar e-mails críticos sobre os programas e sugerir temas. Apesar da conversa ser bem natural, nem sempre os participantes estão frente a frente e criam grandes bate-papos on-line.

Um dos podcasts mais conhecidos da internet é o Nerdcast, do site Jovem Nerd (www.jovemnerd.com.br
). Toda semana, cerca de 60 mil downloads são feitos do novo debate disponibilizado sobre cultura pop promovido pela equipe, que já lembrou as ações do Dia D na Segunda Guerra Mundial, a popularidade dos animês e a complexidade do seriado ''Seinfeld'', entre outros assuntos.

Se a grande diversão fica por conta de que, na verdade, tudo não passa de uma grande conversa informal entre amigos, a pior parte do projeto é a edição de todo o material. Os rapazes do Jovem Nerd, por exemplo, têm gravações de cerca de 1h30, mas podem levar 20 horas para cortar trechos desnecessários, mixar os sons e acrescentar pequenas vinhetas. "Já sabemos que as noites de quinta e sexta-feira são infernais", brinca Alexandre Ottoni de Menezes.

Temas um pouco mais complexos também têm espaço entre os podcasts. É o caso do Papo na Estante (www.paponaestante.com.br
), especializado em discutir literatura. "O tema não interessa tanta gente como cinema. Sabemos que vai ser bem complicado termos tantos ouvintes quanto outros podcasts que tratam sobre temas mais difundidos", diz Thiago Alves Ribeiro, anfitrião do programa.

O apreço pela leitura faz com que tragam à mesa questões sobre o livro ''A Guerra dos Tronos'', as aventuras de Harry Potter e a ligação entre as publicações e o cinema.

Com os podcastas, em tempos em que a tecnologia tem papel tão marcante, o prazer de uma bela e divertida conversa ganha proporções típicas deste século: o de alcançar popularidade e, no caminho, influenciar públicos.



http://www.dgabc.com.br/News/5889148/radio-especializada.aspx, publicado 30/05/2011, acessado 30/05/2011.

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