quarta-feira, 13 de julho de 2011

Umbanda



No princípio do século XVI, negros bantos desembarcaram no Brasil. Negros esses da região Bantu (Congo-Angola), região esta rica em cultura e costumes, principalmente os costumes religiosos nos quais eram complexos e diversificados.Com a chegada dos bantos ao Brasil, também chegaram diversas culturas, costumes e rituais religiosos, entre eles, um ritual singelo infiltrado em algumas expressões dos Cultos aos Inquices (Divindades para o povo Banto) na África praticada pelos Bakongo, ritual este denominado por NBANDA, no qual sua tradução para o português é mais próxima da “Arte da cura” ou “Magia da cura”. Este ritual era uma forma de limpar o corpo espiritual e material do iniciado antes do mesmo dar início às obrigações com os Inquices. O responsável por esta prática ritualística era chamado de Makuá Nbanda, era uma espécie de Zelador espiritual que através de sua mediunidade, incorporava Guias Espirituais para os mesmos realizar os processos de limpeza física e espiritual dos iniciados. Portanto, ao chegar ao Brasil, este culto foi singelamente praticado, porém, não da mesma forma que na África, pois, alguns praticantes do mesmo passaram a cultuar esses Guias espirituais sem a intenção de iniciar filhos para Inquices. Este ritual passou a ter outro objetivo, além da limpeza espiritual e física. Os Guias espirituais manifestados em seus “veículos” começaram a dar passes espirituais e consultas, Guias esses chamados na época de “Pais Velhos”, nos quais eram espíritos ancestrais de antigos negros de diversas regiões africanas, principalmente a região Bantu (Congo-Angola). Entre o século XVI e XVII este ritual praticado por alguns negros bantos se miscigenou com rituais indígenas, rituais que tinham como ordem hierárquica Guias Espirituais de antigos ancestrais indígenas, onde havia manifestações mediúnicas desses ancestrais em índios mais velhos, como, pajés.
A formação hierárquica da Umbanda surgiu neste momento, exatamente na miscigenação dos negros bantos com índios brasileiros, tendo a predominância espiritual das Entidades de antigos índios e de antigos negros africanos, e com passar do tempo também negros brasileiros. Essas Entidades espirituais foram denominadas no Brasil por ‘Caboclos de Pena’ e ‘Pretos Velhos’ e o culto foi denominado “Umbanda”, por causa da predominância do termo no antigo ritual Banto.
A sociedade branca só passou a ter conhecimento da Umbanda por causa de um homem chamado Zélio Fernandino de Moraes. Este homem vinha de família espírita, mas diz a história que no início do século XX, Zélio precisou do socorro umbandista, e em 1908 teve a manifestação espiritual numa sessão Espírita de um Caboclo de Pena chamado “Caboclo das 7 encruzilhadas”, Caboclo este que anunciou a Umbanda perante a sociedade branca da época e no qual guiou Zélio a abrir uma Tenda de Umbanda. Zélio foi o primeiro branco a enfrentar a própria sociedade da qual convivia, tentando fazer a mesma respeitar a Umbanda.
Muitos nos tempos de hoje enxergam Zélio como o fundador da Umbanda, eu o vejo como um homem de fibra que enfrentou a sociedade preconceituosa da época, porém, de qualquer forma, ele através de seu Guia espiritual anunciou a Umbanda, mas no meu ponto de vista, anunciou para aqueles que não a conhecia e que a discriminava, ou seja, anunciou para os brancos da época.
Umbanda é uma religião brasileira, vinda de uma miscigenação Banto-Ameríndia ou Afro-Ameríndia. Sua predominação espiritual são de espíritos superiores designados a missões sérias, nos quais chamamos hoje de Entidades ou Guias Espirituais. As ritualísticas são conduzidas por essas Entidades e pelos Dirigentes Espirituais, conhecidos também por: Zeladores, Pais/Mães, Padrinhos/Madrinhas e carinhosamente pelo povo (de uma forma erronia) por Pais ou Mães de Santo.
Hoje a Umbanda não tem fronteiras e é uma religião praticada por todas as etnias, embora ainda existam pessoas que a discrimine fazendo pré-julgamentos sem o devido conhecimento.

Carlos Pavão

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