Livro do Mal
Foi a mais bela de todas
Vivia em seu castelo protegida por um dragão
Usava ouro, jóias e vestidos de seda
Ninguém podia lhe tocar a mão.
Era pintora e falava mais de dez idiomas,
Sua voz era de um belo tom.
Tudo de nada serviu
Pois de casa nunca saiu
Para expor o seu dom!
Passava o dia inteiro cantando e escrevendo em sua redoma
Já havia escrito mais de cem livros.
Entre contos, prosas e poesias,
Havia um que era exclusivo.
Um livro de poesias sobre a vida,
Sobre ser o que nunca virá a ser,
Falava sobre viver com várias saídas,
Livre arbítrio para beber e comer.
Narrava a vida em Gomorra e Sodoma,
Sobre vinhos e depravações,
Subtrações que se revolvem em somas,
Mostrava quase todas as emoções.
Mas o seu tempo foi passando,
A velhice chegou,
Sua pele foi enrugando,
A demência lhe pegou.
Por fim morreu com seus escritos,
Nunca o mostrou.
A inspiração que antes perdida,
Surgiria agora como um mito.
As datas foram ocasião,
Os livros que o passado deixou fora,
Atualmente em uma escavação,
Acharam essa biblioteca de outrora.
O mundo caiu em sobras
Sua escrita alguém publicou
Tal sombra do mal o devorou.
Não tinha asteróides nem cobras,
Nem as previsões de sábios,
É o puro armageddon de alfarrábios.
Embora seja só uma história,
O livro não tenha o menor dolo,
Bebemos o vinho e comemos o bolo.
Tomando cuidado com a verve
Sabendo sempre o que lê
Com atenção no que escreve
Fazendo a escrita valer.
André Anlub
Nenhum comentário:
Postar um comentário