domingo, 7 de agosto de 2011

Soneto de Rosa Lia Dinelli

Tenho que confessar que eu, na minha visão limitada e talvez até preconceituosa, ainda tenho um pé atrás em relação à literatura contemporânea. É difícil dizer o que vai resistir ao tempo dentre tudo que está sendo escrito em nossos dias. No entanto, um soneto de uma poeta pernambucana me deixou verdadeiramente encantado, extasiado. A autora se chama Rosa Lia Dinelli, e o soneto faz parte da antologia 100 Sonetos Pernambucanos, Vol. 1, da Editora Babecco, da qual eu também participo com dois sonetos. O soneto a que me refiro é um soneto inglês em versos alexandrinos, de um primor quase que inalcançável. Ei-lo:

Viço Alexandrino
(Rosa Lia Dinelli)


Nas asas do condor atravessei fronteiras.
Caminhos siderais nos voos desarmados.
Pousada original nas plagas condoreiras -
berçário sedutor dos versos decantados!


E o soneto se expande em linha sublimável,
muito além da palavra em líricas moldagens.
Em cada inspiração o traço memorável -
relicário sutil no templo das miragens.


Mistério colossal nos versos altaneiros.
Ah! mundo criador das sensações poéticas.
A rima no painel dos ciclos pioneiros -
estados perenais na ordenação das métricas.


No viço alexandrino a seiva elaborada.
Nos cimos da emoção a messe consagrada!


Este foi um dos melhores poemas que eu já li de um autor contemporâneo. Parabéns à poeta Rosa Lia Dinelli por esta maravilhosa obra de arte.

Um comentário:

  1. Essa poetisa é minha avó, e ela ficou encantada com essa homenagem! Agradece muitíssimo a referência à Viço Alexandrino. Um abraço nosso.

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