segunda-feira, 26 de setembro de 2011

E o Criolo de "Doido" não tem é nada

Nada como shows ao ar livre, domingão, nos parques públicos. Faça sol, chuva, frio, calor. Não importa. O que importa é a vibração energética do público e dos artistas. De fato foi um “Nó na orelha”. E que nó abençoado.
Parque da Aclimação, São Paulo, 25 de Setembro de 2011. No palco, eis que surge ele, Kleber Gomes, o Criolo. Com sua barba longa e uma bata branca, sobe ao palco. É ovacionado. Ele saúda seus súditos, em gesto de semideus, santidade, um gurú indiano, lama espiritual.
Começa o espetáculo! Com letras muito bem articuladas e desenvolvidas, Criolo fala da realidade nas favelas, do preconceito, do pobre, do rico, da educação brasileira, da saúde, das diferenças sociais. Letras de autoria dele mesmo e de outros autores, tais como Kiko Dinucci e Nelson Ned.
Foi aí que descobri o porquê de, após 23 anos “no anonimato” da maioria do público paulistano e brasileiro, ele “estourou”, chegou lá. Merecido. Pela pessoa que é, pelas letras, pelo artista multifacetado, pelo carisma e pela magnífica banda que o acompanha, composta por nomes já bem conhecidos na cena paulistana e brasileira como Marcelo Cabral, Daniel Ganjaman, Thiago França, Curumin e outros grandes músicos.
“Nó na orelha” é uma salada harmônica de ritmos e estilos, que se completam entre si, se somam. Rap, Hip Hop, Reggae, Samba, Bolero. Eu tenho esse álbum, gosto muito, mas foi a primeira vez que vi o artista Criolo ao vivo e, pelo que entendi das palavras dele, esse show foi o maior que já fez. O parque lotou, só de fãs que cantavam em coro suas músicas. Show épico, acredito que foi um divisor de águas em sua carreira. Daí para frente será só mais sucesso, mais álbuns, mais shows.
Criolo é um show man. Engraçado, escrachado, engajado, ator. Momentos de profundo silêncio e introspecção, e momentos de explosão de euforia e extroversão. Com feições faciais, danças rítmicas afro-brasileiras e um certo teatro, não vi apenas uma apresentação musical, mas sim uma grande interpretação dele por ele mesmo. A galera ria e o aplaudia quase que constantemente.
Domingo nublado. Tinha tudo para ser uma tarde triste, como a própria música do Nelson Ned diz. Mas não. Foi uma tarde de jovens alegres, família e criança presentes, unidas para fechar a Quarta Edição do Festival de Curtas Metragens de Direitos Humanos ENTRETODOS.
E quão humano foi para o público presente ver o artista nato Criolo fechando essa edição, por direito. Merecido o sucesso que ele está tendo. Porém, como ele mesmo diz: “não existe sucesso, existe trabalho”.
Sim, nós esperamos 23 anos para conhecer esse sábio homem. Professor por 12 anos, intérprete, cantor, compositor, poeta, MC. Multiartista. Ele estava por aí no mundão, trabalhando duro.
Vida longa a esse guerreiro de luz, “Rajneesh do Grajaú”. E, do mesmo jeito que ele nos saudou ontem, eu agora o saúdo: Deus abençõe você.

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