sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CENA BANAL

                        Cena banal de uma grande cidade
O corpo em andrajos abandonado
Os transeuntes indiferentes... apressados
Sombra sem face ou identidade.

Enquanto os passantes se vão
Permanece, ao lado, a amizade
Dois míseros cães de rua
Demonstram sua lealdade.

Ah, que lição posso tirar?
Que erudição há a perceber?
Talvez o fato de ser raro
A companhia no sofrer.

O que podem ofertar os animais?
Nem mesmo acudir o desgraçado
Mas quando a miséria é tanta
Ao menos se sente menos abandonado.

Quantos conhecidos nos darão,
Quando vier a tempestade durante o dia,
Ao menos um olhar de sinceridade
Ao menos sua fiel companhia?

Mas aqueles que se quedam à fatalidade
Desejam alguém que os leve pelo caminho
Não entendem que o auxilio, muitas vezes,
Está na companhia... no carinho.

Cena banal de uma grande cidade
Onde já não se vê solidariedade
Até quando o bisar da indiferença
Daqueles que não conhecem a fraternidade?

Mesmo incapazes de socorrer o deserdado
Os cães lhe concedem tranqüilidade
Sabe que enquanto dorme ao relento
Tem, por companhia, a sublimidade
Reforçada pela inabalável lealdade.

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