O SORRISO DA CACHORRA
CAPÍTULO 4
DANIEL BARROS |
O apartamento do primo de Marta
Então marcaram, para dias depois, o próximo encontro, que
seria no apartamento do primo da Marta; nesse dia não seria um encontro de
estudos, mas de paixão. Fazia um dia lindo! De sol brilhante e céu
esplendidamente azul, céu que no futuro jamais o deixaria em casa, sempre o
levando a rua para aproveitá-lo. Marcaram para se encontrarem em uma casa de
doces próxima ao apartamento.
|
André chegara primeiro, e apenas Marta estava lá.
Cumprimentaram-se e falaram um pouco sobre o que estava acontecendo. Marta o
advertira para ter paciência com a situação pela qual Patrícia estava passando.
Ele prontamente respondeu que estava ciente da situação e que não a
pressionaria; pelo contrário, entendia que era muito difícil para ela
separar-se, e nem era isso que ele pretendia naquele momento, mesmo porque
estava deslumbrado com o que estava vivendo e não iria se preocupar com nada,
apesar de Patrícia insistir em dizer que já não mais havia relacionamento
nenhum entre ela e seu parceiro.
Então, ela chegou! Estava linda como sempre! Mas, todas
as vezes que ele a encontrava, achava-a ainda mais bela. Ela vestia blusa
branca e calças jeans, cabelos presos acima das orelhas, deixando o restante
cobrindo-as e aos ombros também. Seu perfume angelical o embriagava.
Cumprimentaram-se com um aperto de mãos e seguiram para o apartamento.
Ao chegarem ao apartamento, Marta alegou cólica e foi
para o quarto, deixando-os a sós. Ficaram na sala. Patrícia conversou sobre o
parceiro dela. Ela reclamava que havia procurado uma corrente de ouro, que
ganhara quando criança, e não a tinha encontrado, e que depois descobrira que
ele, seu parceiro, tinha trocado por maconha, pois, coincidentemente, o pote de
compota, que ele usava para armazenar droga, aparecera cheio. Quando seu
parceiro dissera não ter dinheiro, nesse mesmo dia sua corrente desaparecera.
André, por sua vez, falara sobre seu irmão mais velho, que estava muito bem nas
provas iniciais da Academia Nacional de Polícia e que viria em casa no meio do
curso de formação, quando haveria uma folga para os que estivessem bem.
Passado o momento inicial e justamente com o anoitecer,
eles se olharam profundamente, tocaram-se nas mãos. André a trouxe para si e a
beijou, acariciou seus lindos cabelos negros e percorreu pausadamente seu rosto
e cada centímetro de seu corpo, sendo periodicamente interrompido por ela,
quando tentava algo mais ousado. Logo percebera que deveria ter paciência; pela
primeira vez ele colocou a mão sob sua blusa e sentiu o calor de seus seios,
rígidos e excitados. Percorrendo seu corpo notou pelo calor e umidade de seu
sexo o quanto ela estava sentindo prazer e desejo naquele momento. Tentou
diversas vezes tirar suas roupas, mas ela não deixara. A lua entrava pela
janela e os cobria com seu véu. Eles já não mais estavam no sofá e sim num
enorme tapete branco que se estendia no centro da sala. Tudo parecia mágico,
como tudo o que acontecera entre eles. De repente ouviram um barulho: era Marta
que, propositadamente, indicava a hora de chegada do seu primo. Perceberam e
passaram a se compor para aguardar a entrada dela, o que se deu com o acender
da luz da sala, até então apagada desde quando ainda era dia. Os três trocaram
algumas palavras e se despediram. Patrícia e André desceram de elevador e
beijaram-se fervorosamente, antes que o mesmo parasse no térreo. Ele a levou
até a esquina da casa da mãe dela e se despediram com um formal aperto de mãos.
*Daniel Barros, 44, escritor e fotógrafo alagoano residente em
Brasília, é autor dos romances O
sorriso da cachorra, Thesaurus, 2011, Enterro sem defunto, em
processo de edição, Editora LER e Coletânea Contos Eróticos editora APED .
Nenhum comentário:
Postar um comentário