sábado, 20 de julho de 2013

CAPÍTULO 4 - 0 SORRISO DA CACHORRA

O SORRISO DA CACHORRA
CAPÍTULO 4

DANIEL BARROS

O apartamento do primo de Marta
Então marcaram, para dias depois, o próximo encontro, que seria no apartamento do primo da Marta; nesse dia não seria um encontro de estudos, mas de paixão. Fazia um dia lindo! De sol brilhante e céu esplendidamente azul, céu que no futuro jamais o deixaria em casa, sempre o levando a rua para aproveitá-lo. Marcaram para se encontrarem em uma casa de doces próxima ao apartamento.
André chegara primeiro, e apenas Marta estava lá. Cumprimentaram-se e falaram um pouco sobre o que estava acontecendo. Marta o advertira para ter paciência com a situação pela qual Patrícia estava passando. Ele prontamente respondeu que estava ciente da situação e que não a pressionaria; pelo contrário, entendia que era muito difícil para ela separar-se, e nem era isso que ele pretendia naquele momento, mesmo porque estava deslumbrado com o que estava vivendo e não iria se preocupar com nada, apesar de Patrícia insistir em dizer que já não mais havia relacionamento nenhum entre ela e seu parceiro.
Então, ela chegou! Estava linda como sempre! Mas, todas as vezes que ele a encontrava, achava-a ainda mais bela. Ela vestia blusa branca e calças jeans, cabelos presos acima das orelhas, deixando o restante cobrindo-as e aos ombros também. Seu perfume angelical o embriagava. Cumprimentaram-se com um aperto de mãos e seguiram para o apartamento.
Ao chegarem ao apartamento, Marta alegou cólica e foi para o quarto, deixando-os a sós. Ficaram na sala. Patrícia conversou sobre o parceiro dela. Ela reclamava que havia procurado uma corrente de ouro, que ganhara quando criança, e não a tinha encontrado, e que depois descobrira que ele, seu parceiro, tinha trocado por maconha, pois, coincidentemente, o pote de compota, que ele usava para armazenar droga, aparecera cheio. Quando seu parceiro dissera não ter dinheiro, nesse mesmo dia sua corrente desaparecera. André, por sua vez, falara sobre seu irmão mais velho, que estava muito bem nas provas iniciais da Academia Nacional de Polícia e que viria em casa no meio do curso de formação, quando haveria uma folga para os que estivessem bem.

Passado o momento inicial e justamente com o anoitecer, eles se olharam profundamente, tocaram-se nas mãos. André a trouxe para si e a beijou, acariciou seus lindos cabelos negros e percorreu pausadamente seu rosto e cada centímetro de seu corpo, sendo periodicamente interrompido por ela, quando tentava algo mais ousado. Logo percebera que deveria ter paciência; pela primeira vez ele colocou a mão sob sua blusa e sentiu o calor de seus seios, rígidos e excitados. Percorrendo seu corpo notou pelo calor e umidade de seu sexo o quanto ela estava sentindo prazer e desejo naquele momento. Tentou diversas vezes tirar suas roupas, mas ela não deixara. A lua entrava pela janela e os cobria com seu véu. Eles já não mais estavam no sofá e sim num enorme tapete branco que se estendia no centro da sala. Tudo parecia mágico, como tudo o que acontecera entre eles. De repente ouviram um barulho: era Marta que, propositadamente, indicava a hora de chegada do seu primo. Perceberam e passaram a se compor para aguardar a entrada dela, o que se deu com o acender da luz da sala, até então apagada desde quando ainda era dia. Os três trocaram algumas palavras e se despediram. Patrícia e André desceram de elevador e beijaram-se fervorosamente, antes que o mesmo parasse no térreo. Ele a levou até a esquina da casa da mãe dela e se despediram com um formal aperto de mãos.


*Daniel Barros, 44, escritor e fotógrafo alagoano residente em Brasília, é autor dos romances O sorriso da cachorra, Thesaurus, 2011, Enterro sem defunto, em processo de edição, Editora LER e Coletânea Contos Eróticos editora APED .

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