sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Infância Revista


INFÂNCIA REVISTA

Alguns vasos de antúrio davam o toque floral.
No quintal, horta e parreiras de uvas.
Ao fundo, um galinheiro onde colhíamos ovos e, vez por outra, um abate na cozinha (pobrezinha).
Afinal, abundância não era a regra dominante.
Couves, jilós, alfaces, tomates eram plantados por sobrevivência, e, pareciam mágicos quando nos pratos
surgiam.
Minha mãe, incansável: afinal, três filhos e não existiam máquinas de lavar, ferro a vapor... Não tínhamos sequer televisão ou refrigerador.
Tempos difíceis, trabalho pesado, raros gestos de carinho.
Talvez não gostasse de bonecas porque nunca chegavam no aniversário ou Natal.
Claro, houve a época do pique-esconde, cirandas e bambolês.
Meu tempo, basicamente, era ocupado pela música, leitura e estudo.
Rádio Nacional era o nosso passatempo: Cesar de Alencar, Paulo Gracindo, Manoel Barcelos e tantos outros.
Suas Rainhas do Radio, sambistas e seresteiros.
O Repórter Esso nos informava.
O tempo corria frouxo e eu mergulhava na leitura. Dos contos da Carochinha ao gibi do Bolinha.
“E o mato cresceu ao redor”...
Muita coisa mudou!
Entendidos e atendidos os desentendidos, ultrapassar os percalços na vida adulta com a devida
compreensão tornaram-se missão no caminho da evolução.
Legado: dedicação.
Adotei pai e mãe num exercício de amor.
A infância pobre não foi tempo perdido. Antes, entender que humildade não significa subserviência
muito menos justificativa para se desviar dos caminhos da retidão.

16 10 2013
©rosangelaSgoldoni

RL T 4 529 466

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