Recebi, através do Clube de Lu, o
Cangalha do Vento, do Luiz Eudes, segunda edição. Nossa, o livro é muito, muito
bom. A capa maravilhosa. Acho que essa capa tem tudo a ver com a questão do Sertão,
do Nordeste. Então, assim, bate uma saudade... E Cangalha, né?! Cangalha do Vento. Que
Cangalha, só mesmo quem é nordestino sabe o que é uma Cangalha. Que é um
vocabulário que tem muito a ver com o nordestino; os burros, as cangalhas que
carregam os balaios, então Cangalha do Vento. E isso remete a uma questão de
lembrança, e eu acho muito massa o texto do Luiz Eudes, onde ele retrata toda
uma questão social, uma questão política, e eu, como sou migrante, senti. Então,
quando eu li o livro do Luiz Eudes me emocionei muito, porque é aquela questão
do voltar, do vir ao Sul, sair da sua cidade, procurar um emprego melhor,
procurar um ganho maior, trabalhar para juntar um dinheiro e poder voltar para
sua terra.
Então essa questão do migrante (todos
nós somos brasileiros, mas, quando a gente sai do nosso habitat, nossa terra
mãe, a gente vai para outras paragens, então a gente fica sem aquela questão do
seu habitat natural, apesar de ser tudo Brasil). Mas quando a gente sai da
condição de migrante procurando algo melhor, uma situação melhor, um ganho
melhor, então enfrentamos essa dificuldade com a cultura, a dificuldade
climática, as barreiras, não só as barreiras arquitetônicas, mas as barreiras
atitudinais, o preconceito, uma visão de mundo diferente da nossa, a forma de
ver o mundo, de estar com as pessoas, além da própria linguagem, o próprio
falar.
O nordestino traz toda uma
cultura no seu falar, nos seus gestos, e na forma de ver o mundo, e na sua
culinária, gastronomia, e muitas vezes aqui no Sul as pessoas não têm essa
compreensão, muitas vezes as pessoas não entendem e não conhecem o Nordeste e
tem aquela visão preconcebida, tem um preconceito formado do que é a figura do
nordestino. E uma coisa interessante que o Luiz Eudes retrata aqui na figura do
irmão de um sindicalista nos tempos da ditadura, da perseguição política, e eu
acho legal no texto do Luiz Eudes que ele coloca todas essas questões que são
seríssimas, pesadíssimas, são coisas muito doidas, doloridas, mas ele escreve
sobre a vida de uma forma que é tão suave, tranquila, que mesmo o leitor, como migrante,
nordestino, sabendo que tudo aquilo é um sofrimento, que é pesado, injusto, uma
luta de classe, uma questão cultural, a saudade dos cantos, das comidas, das
danças não sofre. E aí é onde o leitor tem que embarcar na aventura do Luiz
Eudes pra ler e entender nas entrelinhas.
Um texto belíssimo, um livro belíssimo, texto brilhante, maravilhoso, um escritor de mão cheia. Bom demais, meus parabéns! Amei o texto, amei o livro, a construção do livro, os tópicos. Um escritor maravilhoso, um contista maravilhoso. Amei muito, meus parabéns. O Luiz Eudes de toda essa história, de toda essa bagagem tem um potencial muito grande de poder lapidar as situações, a história, pegar o bruto e lapidar, e traz uma joia preciosa, livro preciosíssimo, bem trabalhado com início, meio e fim. Demais, maravilhoso mesmo, muito bom!
Manoel Hélio Alves é poeta, autor do livro Uma Poesia Para Raul, natural de Macarani - Bahia, sócio da UBE União Brasileira de Escritores, mora em São Bernardo do Campo - São Paulo, participa de vários projetos literários.
Muito bem escrita a sua resenha, parabéns Manoel Hélio!
ResponderExcluirGratidão meu amigo Edvaldo Rosa!!!
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