Rick and Roll relembra pseudônimos de cantores

Rick And Roll

Hoje proponho aos leitores do REPÓRTER um breve passeio nos anos setenta, quando muitos cantores e grupos brasileiros passaram a utilizar pseudônimos estrangeiros para enfrentar a concorrência com os cantores internacionais e participarem das trilhas sonoras das novelas.
Até esse momento as emissoras de TV tinham dificuldade em conseguir os direitos de execução de grandes nomes internacionais da música e para facilitar o acesso à programação das rádios e as trilhas de novela muitos cantores brasileiros adotaram nomes americanos, britânicos e até franceses.
Em pouco tempo, Mauricio Alberto virou Morris Albert, Jessé se transformou em Christie Burgh e estourou como Tony Stevens, Fabio Jr mudou para Mark Davis e depois para Uncle Jack. E nessa onda de cantores internacionais surgiram: Sérgio Sá (Paul Brian), Ivanilton de Souza Lima (Michael Sullivan), Hélio Costa Manso (Stevie Maclean), Otavio Augusto Fernandes (Pete Dunaway), José Pereira da Silva (Christian) e finalmente o cantor Carlão (ex integrante dos grupos The Snakes e The Buttons) que ficou conhecido internacionalmente como Dave Maclean, ao atingir os primeiros lugares das paradas de sucesso.
A maioria desses músicos tocavam ao lado de grupos de bailes, entre eles, Watt 69, Sunday, Memphis, Lee Jackson, Light Reflections e Pholhas. Em geral, as letras das canções eram compostas por quem não tinha nenhuma noção de inglês e o sotaque era praticado durante várias sessões de gravação.
Para não serem desmascarados, muitos desses astros internacionais evitavam fazer espetáculos ao vivo e se apresentar na TV, o que os prejudicava bastante do ponto de vista financeiro.
Diante da ameaça da americanização da cultura brasileira o governo militar obrigou as emissoras de rádios e TV a incluírem músicas nacionais em sua programação e muitos grupos e artistas que cantavam em inglês sumiram das paradas de sucesso enquanto que outros retornaram aos seus nomes verdadeiros e conseguiram alavancar a carreira ainda com mais sucesso, como Fábio Júnior e Jessé.
Entretanto, a maioria destes falsos astros importados abandonou a carreira artística quando o movimento "made in Brazil" começou a decair e a música brasileira voltou a tocar nas rádios.
Naturalmente, tudo não passou de um fenômeno cultural com começo, meio e fim que acabou deixando lembranças na vida de muitas pessoas e certificando a ilusão de muitos cantores que sonhavam com uma promissora carreira internacional.
E antes que eu esqueça:
Tire o pé da parede !!!

http://www.jornalabcreporter.com.br/noticia_completa.asp?destaque=14054, publicado 22/06/2011, acessado 26/06/2011.