o nevoeiro esconde o futuro
postais da ria (181)
nunca mais
à beira ria juntam-se
os que regressaram
contam os dias idos
o tempo em que partir
já era urgente
não por ser parca a safra
mas sem futuro
o que a vida prometia
do que havia então
pouco resta
nem moliço nem peixe
sequer a ria
olha-se tudo com tristeza
regressou-se à ausência
vive-se com a memória
sente-se que o fim de tudo
não tarda e repetem
não há futuro aqui
nunca mais
(torreira)
rapa-se os cabeços em busca de algum berbigão ou ameijoa
https://ahcravo.com/2016/07/28/postais-da-ria-181/
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